segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Um tapa na cara (e nos planos) de Hugo Chávez

Já faz mais de uma semana, mas o assunto ainda está sendo muito falado por aí: na madrugada da segunda-feira passada (03/12), o povo venezuelano decidiu dizer um "enorme NÃO" há Hugo Chávez.

Na verdade, o "NÃO" não foi tão grande assim, algo em torno de 1 ponto percentual acima do "SIM". Mas olhando por outro ângulo, foi um verdadeiro "chega-pra-lá" em Hugo Chávez. Para quem não está antenado com os acontecimentos do nosso continente, estou falando do resultado do referendo sobre a nova Constituição da Venezuela, proposta por Chávez.

A Constituição propunha mudanças relativamente grandes no sistema político e econômico da Venezuela. Algumas mudanças eram meio "bobinhas": mudar o nome do exército venezuelano, diminuir a idade mínima para votar e diminuir a jornada de trabalho. Nada muito assuntador até aí... Mas o que estava dando o que falar eram as outras mudanças, mais sérias. Pela nova Constituição, o Presidente Venezuelano poderia ser reeleito infinitamente; o Banco Central da Venezuela perderia a autonomia, passando a ser controlado pelo Presidente e o mesmo Presidente poderia governar por decretos, ou seja, adeus Congresso Nacional!!!

E não acabou. Segundo Chávez, a proposta da nova Constituição era "dar mais poder ao povo", instaurando o socialismo na Venezuela. Com isso, vinham também a propriedade coletiva e social, as desapropriações pelo Estado e, como aconteceu (muito) na URSS, a censura de imprensa.

O que me chamou a atenção nos discursos de Chávez é que ele queria "dar o poder ao povo", mas quem ganharia poderes faraônicos era ele!!!

Mas Chávez não ganhou essa (e seus conterrâneos se livraram de um ditador!). Ele mesmo admitiu a derrota, porém de um jeito pouco ortodoxo. Nas palavras de Chávez: "Parabenizo meus adversários por essa vitória. Por enquanto não ganhamos". E, mais tarde, também nas palavras de Chávez: "Essa foi uma vitória de m...a". Por enquanto não ganhamos?! Isso lá é admitir derrota? Para mim não parece.

Outra coisa que achei até engraçado foram as palavras de Hugo Chávez horas antes do começo do referendo. Resumindo, era alguma coisa assim: " Se os EUA interferirem no resultado do referendo e o NÃO acabar ganhando, a Venezuela irá parar todas as entregas de petróleo aos EUA". Discurso impactante, mas difícil de ser posto em prática, afinal, os EUA são os maiores compradores do petróleo venezuelano. Os EUA compram aproximadamente 60% do petróleo produzido pela Venezuela, e se as entregas parássem, os dois países sairiam perdendo: os EUA, obviamente, ficariam sem o precioso petróleo, e a Venezuela ficaria sem dinheiro, porque não é tão fácil dar um fim em mais de 2 milhões e meio de barris de petróleo por dia.

Certo está o rei Juan Carlos à Hugo Chávez: "Por que não se cala!"

Paz e Amor,

Caio

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